Hoje é terça-feira dia de convidada especial aqui no Mãe para toda vida, e nossa convidada de hoje é a Taíza, que eu conheci através de uma postagem que fiz sobre a HDC - Hérnia diafragmática em abril aqui no blog (se quiser ler é só clicar Aqui) atendendo a um chamado da nossa amiga Débie. A Historia da Taíza é emocionante, faz a gente crer que milagres existem, e a Taíza ao meu ver é um verdadeiro milagre! Me acompanha? Vale muito a pena!
A historia de Taíza!
Meu nome
é Taíza tenho 19 anos. E há 19 anos fiz uma cirurgia de Hérnia diafragmática.
Nasci de
32 semanas de parto normal no dia 16 de fevereiro de 1993. Foi uma gestação
normal até o 6º mês. Do 6º até o 8º mês minha mãe teve dilatação do útero e
teve o risco de aborto. Ficou de repouso tomando remédio pra segurar a
gestação.
Após o
parto fui para casa normalmente. Com 25 dias de nascida comecei a vomitar e
então fui levada ao pediatra. O pediatra tinha suspeita de Hérnia Diafragmática,
mas não foi confirmado, pois a cidade onde eu morava era muito pequena e não
havia aparelhagem suficiente para diagnóstico.
Fui
mandada para uma cidade vizinha um pouco maior. Minha mãe conta que o médico
que me atendeu fez ultrassom, raio-X e exames de sangue. Então foi confirmada a
Hérnia diafragmática Complicada. Os médicos nem sabiam o que fazer, pois nunca
haviam tido casos relatados nesta cidade.
Depois de
três dias minha mãe desesperada assinou um termo e me retirou desse hospital.
Pois meu estado de saúde agrava a cada dia. Eu já estava com desidratação,
pneumonia, travei os membros inferiores, superiores e não movimentava a
mandíbula, não mamava, não respirava direito e tinha convulsões.
Fomos à
cidade mais próxima com um centro médico melhor. No caminho tive três convulsões.
Chegando
a cidade fomos direto ao Hospital das Clinicas. Fui atendida pela
neonatologista. Ela pediu os papéis de encaminhamento do Hospital em que estava
e quando ela abriu o envelope estavam todos em branco. Então tive que fazer
todos os exames novamente. Enquanto providenciava rapidamente os exames foi
colocada uma sonda no meu estômago e constatou fezes.
Depois
dos exames prontos. Meus pais ficaram desesperados em ouvir da médica que eu
tinha apenas 1% de chance de sobreviver, pois apresentava um quadro muito grave
de Hérnia Diafragmática Complicada, devido todos os meus órgãos com exceção dos
rins estarem fora do lugar, ter pneumonia, Wolff Parkinson White (arritmia
cardíaca que atinge em média 5 entre 100.000 pessoas), desidratação e estava
muito fraca, pois estava vomitando a três dias.
Fizeram
então uma junta médica e decidiram tentar a cirurgia. Estavam com medo, pois na
época não se conhecia casos de bebês que apresentassem a patologia após 25 dias
de nascido. Quando constatado o caso de Hérnia Diafragmática é mais comum que
esses bebês já mostrem esses sintomas logo após o nascimento. No Hospital
Universitário em que estava já haviam tentado fazer a cirurgia de Hérnia em
bebês com problemas parecidos com o meu, mas esses bebês não sobreviveram.
Meus pais
se agarraram ao 1% de chance e fui levada ao centro cirúrgico. Minha mãe não
aceitava em ter que me perder e me pedia a Deus de qualquer jeito!
A
cirurgia demorou 6 horas. Durante a cirurgia tive três paradas cardíacas!
Depois
fui para UTI neonatal. Respirava com ajuda de aparelhos, os médicos tentavam
retirar o tubo, mais eu não aguentava e logo tinha que voltar para o Oxigênio.
Após 24horas da cirurgia tive um saco herniário. O médico que me deu a
anestesia na primeira cirurgia havia alertado de que eu não aguentaria outra
anestesia. Então fizeram outra junta médica para decidir o que iriam fazer.
Decidiram então fazer uma nova cirurgia para retirada do saco herniário. Fiz
transfusão sanguínea, mas tive uma alergia muito forte, entraram com medicação
e fui para o centro cirúrgico só que não conseguiram dar outra anestesia, meu
estado de saúde havia se agravado.
Voltei
pra UTI com o saco herniário com risco de uma infecção hospitalar. Fiquei 17
dias na UTI e os médicos foram tirando o Oxigênio. Depois desses 17 dias já
respirava sozinha. Fiquei mais 6 dias internada e fui para casa com saco
herniário.
Fiz acompanhamento
ate os 3 anos de idade com pediatra e
uma junta médica. O saco herniário foi regredindo mês após mês. Mesmo com
alguns cuidados médicos tive uma vida normal. Andei e falei muito cedo. Com
8meses já falava quase de tudo e com 10 meses comecei a andar. Fui pra escola
com 1ano e 6 meses. Eu era uma criança
muito esperta!
Aos 5
anos comecei a ter algumas cólicas
intestinais.Tinha refluxo.Fiz tratamento com uma gastroenterologista
pediátrica por mais ou menos 1 ano.Mas depois o problema foi resolvido.
Aos 11
anos fiz uma cirurgia no intestino chamada Laparotomia Exploradora para Lise de
Bridas. Devido a Hérnia Diafragmática com o meu crescimento as alças do
intestino se romperam. Nessa cirurgia fui diagnosticada como apendicite.
Quando
começaram viram a obstrução intestinal. Fiquei 7 dias com infecção hospitalar.
Passado o
pós-cirúrgico fui para a cidade em que fiz minha primeira cirurgia e lá
descobri que tinha Prolapso da Válvula Mitral (problema congênito da válvula do
coração) e que não posso pegar qualquer tipo de infecção. Passado todo esse
susto fiquei por 6 anos com um trauma
psicológico. Tratei e hoje estou bem.
Agradeço
a Deus por hoje estar bem e com uma família maravilhosa ao meu lado.
Para meus
pais o plano de vida deles era ter somente meu irmão (três anos mais velho) e
como eles falam “Por um presente de Deus” eu vim ao mundo e sempre recebi todo
amor do mundo!
Quando
estava na UTI neonatal, por estar cercada de fios e tubos era difícil sentir o
contato humano. Meus pais sempre colocavam a mão na minha testa. Curiosamente
até hoje, sempre que estou ansiosa, com alguma dor e principalmente com medo a
única coisa que consegue me acalmar é colocar as mãos na minha testa. Lembro-me
sempre disso como uma prova de amor.
Sempre fui muito independente e forte.
Acredito que essa personalidade deve-se a forma como aprendi a ver a vida. Como
dizia Charles Chaplin “A
vida é maravilhosa se não se tem medo dela.”... E quando vejo as cicatrizes que
ficaram no meu corpo interpreto-as como a presença de Deus ao meu lado lutando
pela vida. Pois elas significam: Eu Sobrevivi!
Obrigada Taíza por compartilhar essa historia de luta e vitorias conosco! Fico muito feliz pelo blog me proporcionar conhecer pessoas especiais como você!
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E se você quer contar sua historia aqui no blog, compartilhar conosco historias da sua maternidade, é só entrar em contato comigo aqui no blog ou no e-mail maeparatodavida@hotmail.com, ficarei muito feliz em publica-la aqui.
Beijos nossos!